Especialistas em saúde mental vão fazer um estudo de caracterização das necessidades das pessoas com demência em Portugal, ao mesmo tempo que avançam com um plano de intervenção para este problema “grave em termos de saúde pública”, avança a agência Lusa.
O psiquiatra Álvaro Carvalho, coordenador do Programa Nacional de Saúde Mental, adiantou à Lusa que, para avançar, o orçamento do estudo está a aguardar por autorização do Ministério das Finanças.
A avaliação, que deverá custar cerca de 80 mil euros, será realizada pela Direcção-geral da Saúde e pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e vai começar por caracterizar as necessidades das pessoas com demências na zona Norte do país, esperando conseguir resultados num prazo de seis a nove meses.
Contudo, o psiquiatra admitiu que, caso haja financiamento, pretende-se que o estudo seja estendido depois a todo o território continental.
“As demências são um problema grave em termos de saúde pública e particularmente em Portugal, onde temos a população a envelhecer de um modo dramático. E as demências são um problema que afecta sobretudo as pessoas mais idosas, sendo o tipo mais comum a doença de Alzheimer”, disse Álvaro de Carvalho.
Segundo o especialista, o crescimento das demências levou a que a maioria dos países começasse a adoptar políticas na área social e da saúde para “minorar as consequências” destas doenças, que se estendem quase sempre às famílias e aos cuidadores.
Em 2005 já tinha sido criado um grupo de trabalho que fez um levantamento dos problemas de saúde mental dos idosos, mas cujo trabalho acabou por ser abandonado.
Agora, a Direcção-geral da Saúde (DGS) decidiu dar os primeiros passos para estruturar um plano de intervenção na área das demências, integrando vários peritos: psiquiatras, neurologistas, médicos de família, investigadores, autarquias e Segurança Social.
A primeira reunião de trabalho destes cerca de 40 especialistas decorreu esta segunda-fe3ira em Lisboa e esta terça-feira será publicamente apresentado o projecto de estruturação do plano na área das demências.
O diagnóstico e o anúncio da doença, o papel do médico de família, as alterações de comportamento nas várias fases da doença e os pacientes com menos de 60 anos são algumas das questões a debater pelo grupo de trabalho que esteve reunido neste seminário.
A coordenação científica ficou a cargo do cardiologista e especialista francês Joël Ménard, antigo director-geral de Saúde em França e presidente do Conselho Científico Internacional da Fundação para a Doença de Alzheimer.
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